O
prazer da relação sexual pode ser afetado quando a reprodução é o
maior, e mais complicado, objetivo do casal. Em algumas situações,
mulheres com problemas de fertilidade podem apresentar dificuldades em
ter relações com o parceiro.
Pesquisadores da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos,
apresentaram um estudo no encontro da Associação Americana de
Saúde Pública que indica que mulheres que passam por tratamentos de
fertilização in vitro
(FIV) teriam menos satisfação sexual e redução da libido do que as mulheres que não se submetem ao procedimento.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a infertilidade é definida
como a incapacidade de o casal engravidar naturalmente após um ano ou
mais de relações sexuais regulares e sem uso de anticoncepcional. Para
conseguir a gravidez, então, muitos casais optam pelos processos de
reprodução assistida, como a FIV.
"As tentativas por vias naturais já desgastam a relação sexual. O
foco do casal é a busca do filho, não o prazer sexual. Essa mudança de
foco gera um estresse maior e afeta a relação", afirma Virgínia Toni
Felippetti, psicóloga e sexóloga da Clínica Conception, de Caxias do Sul
(RS), especializada em reprodução humana.
Os
casais que optam pela FIV costumam ter passado por frustrações e
desgaste emocional pelas tentativas malsucedidas. A ansiedade em relação
ao resultado da FIV também pode ter impacto. "O procedimento em si é
bastante desgastante, por causa das expectativas e das taxas de
gravidez, que giram em torno de 30%. A falta de desejo sexual é
vinculada à ansiedade", comenta a psicóloga.
O estudo aponta que essas mulheres são mais propensas a ter
dificuldade de chegar ao orgasmo e apresentar problemas sexuais, como
dor ou secura vaginal. Segundo a psicóloga, essas características levam
alguns casais a interromper as relações sexuais durante o tratamento, o
que pode ter impacto no relacionamento do casal.
"Nem sempre o homem entende isso. Às vezes, ele não aceita muito bem a
recusa", diz. Alguns homens, no entanto, também podem apresentar
problemas sexuais durante o tratamento, por conta da tensão, como
disfunção erétil ou ejaculação precoce.
O relacionamento sexual é muitas vezes deixado de lado nas conversas a
respeito do tratamento, mas é importante que ele seja discutido pelo
casal e pelos profissionais. Os pesquisadores afirmam que os
especialistas em reprodução devem orientar os pacientes sobre as
possibilidades de problemas sexuais pelo tratamento e aconselhá-los
quando esses problemas se apresentarem, indicando produtos que
aliviariam os sintomas, como lubrificantes, ou a ajuda de outros
profissionais, como psicólogos ou sexólogos.
"O apoio psicológico é fundamental. É um suporte que a gente dá à pessoa para que ela se desenvolva melhor", acredita Virgínia.
De acordo com a psicóloga, é importante manter relações sexuais, o
que fortalece o vínculo afetivo entre os dois, porém elas não devem ser
forçadas. "Se ela estiver com dores ou medo, se é algo que vai gerar
mais ansiedade, aí a gente orienta que é apenas um período pelo qual
eles vão passar. Eles não vão ter o ato sexual, mas podem manter o
carinho e o afeto", diz.
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