6 de jun. de 2014

Qual a idade certa para a criança começar ir na escola?


Especialistas expõem prós e contras de adequar os filhos cedo em uma rotina escolar. Entenda aspectos importantes para tomar a melhor decisão para sua família.


Desde a publicação da lei nº 12.796, em abril de 2013, é obrigatória a matrícula das crianças brasileiras na educação básica a partir dos quatro anos de idade. Muitos pais antecipam-se bastante à legislação e, principalmente por necessidade, colocam seus filhos na escola a partir dos quatro meses de vida, quando acaba a licença-maternidade e algumas mães precisam voltar ao trabalho. 

Para Juliana Boff, coordenadora de ensino integral do Colégio Sion de Curitiba e mestre em educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), quando mais cedo o ingresso, mais benefícios para os alunos. “O ambiente escolar propicia uma ampliação dos círculos de relacionamento e situações que não são possíveis em casa. A criança aprende a esperar, a dividir, compreende que não pode fazer só o que quer, mas o que é necessário para a convivência em grupo”, enumera.

Juliana considera que um bom momento para ir para a escola é por volta dois anos. “É quando a criança apresenta autonomia em termos de movimentação. Antes, ela pode precisar de uma estrutura de mobiliário e profissionais especializados que a família só encontrará em um berçário”, justifica.

Sistema imunológico

Do ponto de vista médico, dois anos é a idade mínima para se pensar em expor o filho a um ambiente escolar. “Uma criança saudável tem o sistema imunológico maduro, ou seja, as defesas prontas, com essa idade. As vacinas são tomadas até os seis meses, mas o corpo leva mais um ano e meio, em média, para produzir todas as respostas às doenças que elas impedem”, explica a pediatra Natasha Mascarenhas, diretora da clínica Super Healthy e pós-graduada em emergências pediátricas pelo Hospital Israelita Albert Einstein.

Segundo ela, a criança que entra mais cedo que isso na escola fica muito suscetível a pegar vírus e bactérias dos coleguinhas e até doenças para as quais não está preparada, caso o colégio tenha turmas de alunos mais velhos. “Caso os pais tenham extrema necessidade de deixar o bebê em algum lugar, é melhor escolher um berçário em que todos sejam pequenos”, aconselha. “E se as infecções de repetição, como otite e faringite, começarem a se tornar frequentes e prolongadas, é bom procurar o parecer de um médico”.

Além disso, Natasha pede a atenção dos pais quanto à hiperestimulação que algumas escolas podem impor aos alunos. “Até os cinco anos, a criança não deve entrar em uma rotina de aulas e tarefas. Isso a sobrecarrega. Seu tempo deve ser respeitado”, alerta.

Necessidades individuais

A psicóloga e psicanalista Christine Bruder, diretora do centro de desenvolvimento infantil Primetime Child Development, concorda com a linha de pensamento da pediatra, mas é um pouco mais flexível quanto à idade. “A criança não deveria estar inserida em um contexto escolar, com aulas planejadas e rotinas padronizadas, até os três anos. Suas necessidades são muito individuais e devem ser atendidas com flexibilidade, adaptação, atenção dedicada dentro de pequenos grupos de convívio”, afirma.

Isso é conseguido tanto em berçários especializados quando na própria casa. “Os pais podem criar um ambiente adequado para o desenvolvimento infantil, com materiais que estimulem os sentidos, como blocos e tintas atóxicas, com a possibilidade de ouvir músicas e histórias. A criança precisa ficar no chão, solucionar problemas. E o adulto que a supervisionar não deve fazer as coisas por ela. Deve enxergá-la como um ser inteligente, capaz”, orienta.

É só dos três anos em diante, de acordo com Christine, que a criança passa a entender as dinâmicas de grupo. “A criança começa a lidar melhor com o coletivo a partir dessa idade. O modelo escolar não é coisa para bebês”, diz.

A educadora Juliana Boff, no entanto, defende a presença dos menores na escola. “A criança precisa de orientação para entender as noções de tempo e espaço, e isso deve acontecer em casa e na escola. Ela precisa de rotinas para compreender o funcionamento do mundo à sua volta. É importante saber que tem hora para brincar, para lanchar e para se arrumar para voltar para casa. Isso dá a ela segurança em si e em quem a cerca”, argumenta.

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