Uma
das soluções que a medicina reprodutiva oferece à mulher com problemas
de fertilidade é a doação de óvulos. Esse método, no entanto, traz
algumas dúvidas e medos ao casal, muitas vezes semelhantes àqueles
surgidos no caso de adoção clássica.
A ovodoação consiste em utilizar a célula reprodutora feminina vinda
de um banco de óvulos e fecundá-la com o espermatozóide do pai por meio
da fertilização in vitro
. O embrião é depositado no útero da paciente, que não será mãe biológica da criança, mas passará pelo processo de gravidez.
Um dos maiores receios a respeito da doação é o de que a criança
possa apresentar futuros problemas genéticos provenientes da mãe
biológica. "Corre-se o risco de que venha algo a mais com que o casal
não saiba lidar", afirma Alessandra S. Manoel Schmitt, psicóloga da
Procriar Clínica de Fertilização Assistida, em Blumenau (SC).
Outra preocupação da mulher é se ela será capaz de sentir o filho
como de fato dela. Um dos questionamentos levantados diz respeito, por
exemplo, à aparência do filho. "Nesses casos, a gente pesa a dúvida. É
importante para ela como mãe que o filho se pareça com ela?", pontua
Alessandra.
Ela ressalta que a vivência com os pais e a família faz com que o
filho apresente muitas das características comportamentais deles. "E o
material genético também é do pai", lembra. "Mas, caso a aparência seja
importante, a gente orienta que o casal procure alguém o mais parecido
possível", diz ela. Algumas características da doadora constam nos
bancos de óvulos, como aspectos físicos e o tipo sanguíneo.
Muitas
mulheres que recebem doação de óvulos já passaram por outros
procedimentos de fertilização que não foram bem-sucedidos. Por isso, por
mais que essas questões pesem, elas já têm isso resolvido. "Querem
tanto ser mãe que já falam que não têm dúvidas. Já passaram pelo
processo de decisão", conta a psicóloga. Para esses casais, a doação de
óvulos aparece como uma nova luz.
Há, entretanto, os casais que hesitam optar pelo procedimento. Para
eles, a orientação psicológica pode ser benéfica. "A decisão jamais será
da psicóloga. A gente apenas pontua tudo o que é positivo ou não",
ressalta Alessandra.
"É importante procurar ajuda. Conversar com os médicos, ouvir mais de
uma opinião. Buscar informações na internet é válido, mas é importante
que o casal tenha em mente que a história de cada um é a história de
cada um", afirma.
A psicóloga também orienta que o casal discuta entre eles sobre o
assunto. "A decisão não é só dela, é do casal. Os dois estão em
tratamento. O homem também tem um sofrimento muito grande, porque não
tem controle do processo", lembra.
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