14 de abr. de 2014

Atitudes que ajudam a induzir o trabalho de parto

No final da gravidez vem a ansiedade: já se passaram cerca de 40 semanas e você não aguenta mais esperar para ver a carinha do bebê. Quanto isso vai durar? Apesar das pesquisas científicas serem inconclusivas sobre a eficácia das estimulações naturais, médicos e doulas têm uma lista de procedimentos que você pode fazer para ajudar a chegar mais rápido a hora do parto.


“Quando o bebê estiver pronto para nascer, a mãe vai entrar em trabalho de parto. Por isso, sempre dou uma lista de atividades prazerosas que, depois que o filho nascer, a mulher não vai poder fazer por um bom tempo, como ir ao cinema, jantar com o marido ou fazer uma visita ao cabeleireiro. Assim, a ansiedade fica um pouco controlada”, aconselha Ana Cristina Duarte, obstetriz e coordenadora do GAMA (Grupo de Apoio à Maternidade Ativa). Ela também faz uma recomendação que vale desde o início da gestação. “Se você está decidida a fazer parto normal, procure um médico com alta taxa deste tipo de parto. Tenha certeza que, se ele tiver muitas cesarianas no currículo, vai induzir uma em você”.

E o que a grávida pode fazer para dar uma forcinha para a natureza? Leia algumas recomendações.

Fazer exercícios físicos

Para estimular o início das contrações é preciso mexer a musculatura em volta do útero. “Sempre falta comprar algumas coisinhas para o bebê que vai nascer. Que tal ir andar no shopping?”, sugere Eduardo Zlotnik, ginecologista e obstetra do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
Você pode também fazer caminhadas perto de casa ou atividades físicas leves, como ioga ou natação (veja aqui outros exercícios recomendados para a grávida ). Faça tudo em um ritmo confortável, com orientação do médico e por quanto tempo aguentar.

Fazer sexo

A relação sexual pode ajudar a induzir o parto de três formas. A primeira é pelo estímulo uterino que os orgasmos provocam. Segundo, pela liberação natural de ocitocina que a atividade gera – em induções clínicas, uma versão sintética deste hormônio é aplicada na gestante. Por último, o sêmen contém prostaglandina, que pode deixar o colo do útero melhor preparado para a dilatação. “Se tiver vontade, pode fazer todos os dias”, diz a doula Cris Balzano – com permissão do médico, claro.

Estimular os mamilos

“Massagens e beliscões suaves nos bicos dos seios estimulam a liberação de ocitocina, hormônio responsável pelas contrações”, explica o ginecologista Eduardo. O recomendado é fazer a estimulação três vezes ao dia, por períodos de uma hora, alternando os lados.

Aquecer-se

A medicina chinesa prega que, para entrar em trabalho de parto, a mulher precisa estar rodeada de calor. Daí vem a ideia de ingerir comida apimentada. É uma ótima desculpa pra visitar aquele restaurante indiano ou mexicano que você adora. Mas cuidado: se você não estiver acostumada com pimenta, pode ter azia e irritação no intestino. Outra forma de esquentar o corpo e, de quebra, ficar relaxada, são os banhos quentinhos . “Não exagere na temperatura, para não sentir tontura”, lembra Cris.

Fazer sessões de acupuntura

Segundo diversas pesquisas feitas desde 1974 em grávidas em fase final de gestação, as agulhas introduzidas em pontos específicos do corpo diminuem o tempo do trabalho de parto. “É uma especialidade médica que surte efeito”, garante Ana Cristina. Procure um médico acupunturista confiável, que tenha experiência com grávidas.

Ter ajuda do obstetra

Ainda sem entrar na área dos remédios químicos, o obstetra tem alguns truques pra acelerar o trabalho de parto. Mas eles só são indicados em casos especiais, quando o bebê ou a mãe correm sérios riscos se o nascimento demorar mais. “É possível descolar a bolsa introduzindo o dedo no colo do útero, induzindo as contrações, ou romper a bolsa amniótica”, explica Eduardo.

1 de abr. de 2014

Será que a cesárea é a única opção?

O Brasil é recordista mundial em número de cesarianas. Enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que 15% dos partos sejam feitos desta forma, na rede médica particular brasileira este número chega a 84%, segundo dado da Agência Nacional de Saúde. 


Nem sempre os diagnósticos significam que a única saída é a cesárea. Os argumentos listados abaixo são comumente ouvidos pelas gestantes, mas nem sempre significam que à mãe só resta a opção da cesárea. O ideal é que, em cada caso abaixo, o médico seja claro em relação às porcentagens reais de risco e ofereça informações completas para a escolha da mãe.

- O bebê está com o cordão enrolado
A ocorrência é muito comum e acomete até 40% dos partos, mas esse diagnóstico não é determinante, porque ele se mexe dentro da barriga o tempo todo. A ultrassonografia pode mostrar uma circular que irá se desfazer e o bebê nascer sem circular – ou, ao contrário, o bebê pode não apresentar circular no ultrassom e nascer com circular. “O bebê não ‘respira’ como nós, ele está em um meio líquido, seu pulmão é fechado e sua oxigenação é através do cordão umbilical. Ao nascer e observar a presença de circular, apenas retira-se, como um ‘cachecol’, pela cabeça ou corpinho”, explica a obstetra Mariana Simões.

- Você está com a pressão alta ou está com a pressão baixa
A pressão baixa é comum na gravidez, não requer nenhuma medida drástica. Já a pressão alta pode levar a uma interrupção da gestação – não necessariamente cirúrgica. “Isso pode ser feito através da indução de um parto normal”, explica a Andrea Campos. Os obstetras podem se utilizar de hormônios ou procedimentos mecânicos, como o rompimento artificial da bolsa ou exames de toque vigorosos.

- O bebê não está encaixado
O posicionamento correto do bebê pode acontecer só durante o trabalho de parto. São as contrações efetivas que fazem com que ele “desça” e se encaixe.

- O bebê passou do tempo
“Bebês não ‘passam do tempo’, apenas têm um tempo diferente de maturidade. Segundo estudos mais recentes, após 41 semanas e 1 dia deve haver acompanhamento, mas não interrupção com cesárea”, diz Mariana. De qualquer forma, mesmo nestes casos a solução não é só a cesárea – também dá para acelerar ou induzir o trabalho de parto.

- Os batimentos do bebê estão acelerados
Bebês dormem e se movimentam. Como nós, se dormimos ou estamos em repouso, há uma queda do batimento. Se nos agitamos, os batimentos se aceleram. Agora, se há uma aceleração persistente e foram excluídas causas fisiológicas – como taquicardia ou febre da mãe – pode ser indício de sofrimento fetal. “Neste caso, a cesariana pode ser necessária”, alerta Andrea.

- A cabeça do bebê é muito grande
A desproporção céfalo-pélvica é um motivo real para escolher pela cesariana, mas o problema está no diagnóstico. O problema acontece quando a cabeça do bebê não consegue passar pela parte mais estreita da bacia da mãe, mesmo quando a dilatação do colo uterino já é total. Por isso, é recomendável que mesmo quem opta pelo parto normal tenha uma estrutura de hospitalar à disposição.

- O bebê é muito grande
A ultrassonografia não é precisa para determinar o peso do bebê. Mesmo assim, bebês com mais de 4 kg ainda podem nascer de parto normal. “Desde que a mãe não tenha uma diabetes descompensada, isso não é problema. O bebê geralmente tem o tamanho que passaria pela pelve”, conta Andrea.

- Você já fez uma cesárea anteriormente
Muitas mulheres ficam surpresas e não acreditam que, mesmo depois de terem passado por uma cesárea, podem ter o segundo filho de parto normal . “Com até duas cesáreas anteriores, os riscos reais em trabalho de parto natural (sem indução farmacológica) é de cerca de 0,5%. Já com três cesáreas anteriores, pode-se haver até 5% de riscos de ruptura uterina e esse número para a medicina é considerado um valor alto”, descreve Mariana.

- Você não tem dilatação
Antes do trabalho de parto, é normal não haver dilatação. Em geral, o colo só se dilata significativamente durante o processo. O que caracteriza o trabalho de parto são as contrações regulares a cada três minutos, com duração de em média três minutos. Antes disso, não há razão para esperar uma dilatação.

- Você está constipada
“A constipação intestinal não exerce nenhuma influência sobre o parto”, garante Andrea. Nesses casos, complicações da cesárea podem agravar o quadro, já que o intestino pode ficar paralisado por algum tempo.

Quando a cesárea é necessária:

A maioria das justificativas aparecem só durante o trabalho de parto. E mesmo as cesáreas marcadas podem esperar este momento para ter certeza que o bebê está pronto para vir ao mundo. 
Veja alguns motivos que podem levar à cesariana e entenda porque, nestes casos, a intervenção cirúrgica é melhor:

- Estado Fetal Intranquilizador (sofrimento fetal): quando o bebê não está bem e o nascimento precisa ocorrer prontamente.
- Apresentação córmica: quando o bebê está atravessado no momento do trabalho de parto.

- Hemorragias maternas no final da gravidez: podem ocorrer por descolamento da placenta (quando a placenta descola antes de o bebê nascer) ou placenta prévia (quando a placenta recobre o colo do útero). As duas pedem uma cesárea. Mas sangramentos pequenos podem acontecer também pela dilatação do colo do útero e, neste caso, não há necessidade de cirurgia.

- Mãe portadora do HIV: pesquisadores do International HIV Group analisaram diversos estudos e concluíram que as chances de transmissão do vírus da mãe para o bebê diminui em 50% se feita a cesariana programada.

- Apresentação pélvica em primigesta (bebê sentado em mulheres que nunca pariram): o bebê pode nascer sentado, mas nestes casos o risco relativo do parto normal é maior que o da cesárea.

- Herpes genital com lesão ativa: há maior chance de o bebê se infectar durante o parto normal do que na cesariana eletiva.

- Prolapso de cordão: o cordão sai antes do bebê. O problema é que quando o bebê passa pelo canal, quando feito o parto normal, provoca uma pressão no cordão, impedindo a passagem de sangue para a criança.